Será que tens perfil de imigrante? Ser imigrante é viver noutro país por um ou mais anos. É abdicar da família, da língua materna, da cultura e do conforto do lar. É um desafio, mas, para muitos, é a única solução para encontrar uma vida melhor.
Portugal é o segundo país da Europa com mais emigrantes, sendo que cerca de 22% dos portugueses vivem fora do país. A grande maioria está na Europa (1,4 milhões). No entanto, deixar o país onde se viveu a vida toda acarreta consequências. Será que tens o perfil de imigrante? Estás preparado para deixar tudo para trás?
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Consequências de deixar “a nossa casa”
Quando, aos 20 e poucos anos, escolhemos ir viver para outro país, esquecemo-nos de como os anos passam rápido. Entre o trabalho, as viagens, a visita da família e dos amigos e/ou a constituição da nossa família, o que seria estar dois a três anos fora torna-se um “para sempre”.
E os nossos pais envelhecem. Outros membros da família podem estar por perto para cuidar deles e das suas necessidades, mas, sem ti, vão sempre sentir saudades e alguma solidão. Já fizeste as contas? As poucas férias a que um trabalhador tem direito, a escassez monetária e, muitas vezes, a impossibilidade de viajar… Quantas vezes achas que vais rever os teus pais?
E regressar pode não ser viável depois de ir embora. O que acontece com os negócios que já tens em desenvolvimento ou a tua carreira profissional? E se tiveres filhos e estes já estiverem adaptados ao país? Serão eles capazes de deixar o que conhecem para trás?
E será possível construir uma vida decente se regressares a casa? Podes ter que começar do zero e procurar um novo emprego.
É que ir embora não é fácil, mas voltar também não o é.
Tens perfil de imigrante?
Será que tens compatibilidade com o país?
Será que te adaptas bem à cultura de um outro país? Existem sempre pequenas diferenças que podem causar mudança de hábitos, chama-se choque cultural:
- Na China, comer até ao fim e não deixar restos significa que queres mais;
- Entrar num comboio na Índia que anda sempre cheio é diferente, por exemplo, de o fazer num país Europeu onde consegues lugares marcados mais facilmente;
- Situações de sem-abrigo são mais proeminentes noutros países;
- A maioria dos espaços fecha aos domingos em França, mas no Japão não;
- Gestos são interpretados de maneira diferente àquela a que estás acostumado.
Se estás preparado para aprender e adaptar-te a uma nova realidade, sê tu próprio. Confiante e humilde, vais encontrar nas comunidades portuguesas todo o apoio de que precisas na mudança.
Será que vais sentir solidão?
Além das saudades da família, no início, é difícil criar uma rede de amigos em que possas confiar. Isto é, se te aventurares sozinho.
Se és alguém introvertido ou que gosta de estar sempre acompanhado, pode ser complicado viveres sozinho num ambiente diferente ao que estás habituado.
Quem parte à aventura, normalmente, é extrovertido, sempre pronto para um novo desafio e que não se importa de desbravar o caminho até ao seu objetivo.
Estás preparado para aprender uma língua estrangeira?
Ninguém se vai dar ao trabalho de tentar comunicar contigo numa língua que desconhece, principalmente, no local de trabalho.
Precisas de aprender a língua do país para onde vais para socializar e criar uma rede de amizades, mas também para encontrar emprego mais facilmente.
Preferes ter uma vida calma e normal?
Normalidade é coisa que não vais encontrar. Tudo será diferente e não será senso comum para ti. Vais cometer erros, mas deves estar preparado para ter um mindset de resiliência e persistência.
És uma pessoa curiosa?
Sê curioso.
Num país estrangeiro, deves aprender todos os aspetos culturais. Portanto, tens de ser uma pessoa interessada e motivada, para aprenderes rapidamente e te acostumares ao novo ambiente.
Se estiveres constantemente irritado, incomodado ou ansioso, de certeza que as coisas vão correr mal. Infelizmente, se esse for o caso, não tens o perfil de emigrante.
És alguém que respeita a diferença?
A nível cultural, uma outra questão muito importante é respeitar as outras pessoas e não impor os teus hábitos e costumes.
O lado bom de ir para outro país
Viver num outro país tem as suas vantagens, como:
- Conhecer uma nova cultura;
- Encontrar novas oportunidades profissionais;
- Descobrir mais sobre ti, ou seja, crescimento pessoal;
- Conhecer pessoas.
O teu plano de ação
Estuda a história do país para onde queres ir viver. Aprende a língua e/ou treina a língua inglesa. É importante que:
- Fundo de emergência: Cria um fundo de emergência para usares num imprevisto, ou no caso de precisares de regressar rapidamente a “casa”;
- Banco: Pesquisa novos bancos;
- Casa: Procura alojamento antes de ires, não partas logo à aventura;
- Economia: Estuda a economia do país e os seus impostos.
Por mais divertido e empolgado que estejas por mudar, planeia cuidadosamente as tuas finanças para aproveitares ao máximo a tua nova aventura.
Conclusão
Antes de tomares uma decisão, pensa em todos os aspetos negativos e positivos de mudar para um outro país.
Pergunta a amigos e familiares sobre as suas experiências e conhece melhor outras realidades. Visita o país que estás a considerar antes de ir ou vai numa situação de emprego temporário.
Questiona-te sobre o porquê desta vontade de mudar. Faz uma lista e pensa se não há mais nada que possas fazer para alterar as tuas condições atuais. Às vezes, focamo-nos no desalento geral, mas pouco fazemos para lutar por uma situação melhor.